Feliz Aniversário


 

Acordo assustado ouvindo o som do despertador.  

O garoto que divide o quarto comigo resmunga voltando a dormir enquanto vou ao banheiro, vômito pensando em como não deveria ter bebido tanto ontem. A todo momento a dor de cabeça me acompanha.  

O garoto idiota bate forte na porta rindo e gritando “Parabéns!!!!” 

Sento na beira do vaso resmungando, caralho que dor. Tomo um banho me preparando para mais um dia de trabalho, o cara não para de tagarelar em como vamos nos divertir hoje à noite, que ele achou um bar novo perto do hotel e bla bla bla... eu só quero tomar uma boa sopa e dormir, mas acho que não vou conseguir, não como ele chamado todo mundo para ir junto.  

Merda de dia!  

O bar parecia mais uma boate, as luzes fortes faziam meus olhos doer, a música é ruim e provavelmente a comida vai ser horrível. Sentamos em uma mesa lotada, tinham pessoas que não conheço lá rindo por algo que não entendi direito. João, parecia mais animado com meu aniversário que eu, encontrou essas pessoas no trabalho hoje e já convidou para o que ele me chamou de “balada de aniversário”. 

Nunca deveria ter contado a ele. Provavelmente teria evitado muitos problemas. Pedimos algumas bebidas doces e socializo com os outros pensando em como posso sair dali sem parecer mal-educado. 

 - Você não parece feliz com a sua festa. – um dos convidados, que não conheço me fala rindo, o homem parece velho com uma barba estranha e um sotaque que não reconheço.  

Pronto! Agora atraio até estranhos. Término a bebida rindo sem graça dizendo que estou só cansado. Alguém do outro lado da mesa grita um brinde contando como Deus deve gostar de mim por me proporcionar oportunidades assim.  

- Como se eu acreditasse nele... – sussurro com tédio o homem estranho a minha frente me olha com um interesse. 

 -Você não acredita em Deus? – ele questiona e iniciamos uma conversa controversa. Discutimos sobre deus, Deuses e vertentes religiosas. Ele é grego e pagão. Nem sei o que significa pagão, aos poucos vi como ele ficou com raiva pela minha falta de fé, pelo meu ceticismo. Bem que me avisaram que não deveria ter essas conversas com estranho.  

Ah! Se eu apanhar aqui posso voltar mais cedo para casa? Ele termina a cerveja dizendo que um dia vou ter a prova da existência dos Deuses, não de Deus, mas dos Deuses. Ele sai do bar e começo a rir, e cada doido que aparece na minha vida.  

Continuamos a noite trocando de bares, acabo bebendo mais do que deveria, mas pelo menos não paguei por nada. Rindo volto ao hotel cantando alto com João pelas ruas do Rio.  

- Cara estou muito doido- João grita enquanto tropeço caindo na rua, tentando me levantar ouço as pessoas a minha volta gritar, ainda rindo me levanto do meio da rua tentando entender o que as pessoas estão falando. 

Um carro me atinge me jogando para longe, não sinto o impacto e nem a dor. E como se eu estivesse paralisado pela situação, rostos desconhecidos estão em volta de mim, gritam pela polícia, pelos médicos, para que eu aguente e não morra.  

Tento rir, entender a situação. Um rosto conhecido para a minha frente, ele me olha de cima, sorrindo me diz: 

 - Espero que você goste da dádiva que acabei de te conceder – desmaio.  


 Acordo assustado ouvindo o som do despertador, o cara ao meu lado resmunga enquanto vou ao banheiro tentando me lembrar do que aconteceu ontem.  

Quanto eu bebi? Me assusto ao ouvir João bater na porta me desejando feliz aniversário, sinto como se já tivesse vivido isso, saio do banheiro ouvindo ele comentar que hoje à noite iríamos nos divertir, que ele achou um bar novo, ele para de falar ao me ver sentado na cama meio que paralisado.  

- Cara você tá bem? - acho que tive um déjà vu – rindo saio com ele do quarto. 

 - Dela... o que? – ele parece confuso ou é só burro mesmo e não sabe o que é déjà vu - É quando vivemos uma experiência que achamos que já vivenciamos  

- aaa – parece que ele não entendeu nada.  

Durante o dia, no trabalho e agora nesse bar. Tudo parece igual, as pessoas, os brindes, tudo parece igual, a sensação que antes parecia legal agora só traz incômodo, nervoso observo as pessoas no bar e vejo um velho me olhando. 

 Sorrindo ele me faz um brinde silencioso. Será o mesmo velho do meu sonho? 

Término minha cerveja ansioso, se tudo for como sonhei então no fim dessa noite vou... não que maluquice a minha, decido terminar a noite por ali mesmo e ir ao hotel. Só preciso de uma boa noite de sono.  

Escuto os outros me chamarem para voltar pra mesa e continuar bebendo, rindo continuo saindo do bar, chega por hoje.  

Vou caminhando até o hotel, o bar que aquele idiota achou realmente fica bem perto. Paro para ver o acidente que teve ali perto. Quase atropelaram alguém, um motorista grita algo no celular e uma mulher chora ao lado de um homem com a cabeça sangrando.  

Observar tudo isso me faz lembrar do estranho sonho que tive, os carros, essas pessoas, nervoso volto para o hotel.  

Na porta antes de entrar alguém passa gritando, tiros são ouvidos por todos os lados, as pessoas, desesperadas correm para se esconder. Me empurram e acabo caindo em cima de alguém, sou empurrado novamente para o chão e acabo batendo a cabeça, ouço gritos, alguém me chuta, o barulho dos tiros ficam mais perto, tento levantar, sinto o sangue escorrer pelo meu rosto, sem enxergar direito tento chegar na porta do hotel, estava tão perto de lá antes de tudo isso. 

 Paro ao notar um garotinho caído no chão. Lentamente vou até ele para ver se está bem.  

- Ei! – chamo por ele -Garoto?!- assustado ele se levanta gritando, por um momento percebo a arma em suas mãos, mas já é tarde, ele começa a atirar e caio deixando o escuro me levar.  


Acordo de novo gritando de dor.  

Estou no hotel.  Corro ao banheiro ouvindo João resmungar.  

Como nos sonhos. Me olho ao espelho tentando encontrar ferimentos, mas não tem nada, a dor que sentia ao acordar parecia uma lembrança de algo que passei. Tão real, mas ao mesmo tempo não. 

As batidas na porta me assustam, os gritam de parabéns me trazem uma sensação de pânico. Saio do banheiro tentando respirar, tentando me acalmar. João me traz água fazendo piada da situação.  

Sento no chão dizendo a mim mesmo que tudo isso não passou de um sonho muito estranho. Aos poucos vou me acalmando, conto tudo que aconteceu para João que me repete que tudo foi um sonho. Um sonho bem estranho.  

Durante o dia faço tudo diferente, consigo uma folga, visito os lugares que ia visitar no fim de semana, almoço pão de queijo. Mas a todo momento, mesmo mudando tudo, acabei encontrando as pessoas daquela maldita festa de aniversário.  

De várias maneiras eles se encontraram comigo, interagiram comigo, assustado voltei para o hotel. Não sai mais. Ignorei as ligações de João e dos outros, não vou sair daqui hoje, nada de acidentes de carro, nada de tiros. Minha noite vai se resumir ver filmes tomando um caldo verde. Isso nada pode me acontecer se não sair.  

Aos poucos vou me tranquilizando, tomo um longo banho quente, o calor chega logo quando saio do banho. João me mandou várias mensagens daquele bar, vídeos deles bebendo. Naquele mesmo local, na mesma mesa, as mesmas pessoas. 

Escolho o filme, rindo por ter ganhado torradas de cortesia, finalmente o meu dia está melhorando. Quase no fim da tigela de caldo começo a me engasgar com uma das torradas.  

Saio da cama tentando respirar, me arrasto até a porta tossindo, alcanço ela, mas a chave não está lá. Bato desesperado tentando chamar a atenção de alguém. Procuro o telefone e não encontro, aos poucos minha visão começa a embasar e antes que eu possa alcançar minha garrafa de água a escuridão aparece.  


Acordo tossindo como se algo estivesse preso em minha garganta. João acorda assustado, pego minha garrafinha de água e começo a beber. Aos poucos a tosse vai passando e consigo me acalmar.  

As lembranças daquele sonho me fazem entrar em pânico. João grita um parabéns do banheiro me fazendo ver em meu telefone a data de hoje.  

Não não não.... Começo a me agitar, essa merda de novo não.  

Ligo para meu chefe pedindo para voltar, invento uma desculpa deixando-o sem escolha a não ser me dar uma passagem para voltar.  

Não vou ficar aqui.  

Sonho ou não aqui eu não fico.  

Rapidamente começo a fazer as malas, João sai do banheiro estranhando meu comportamento. A única coisa que digo é que vou voltar para casa.  

Paro ao ouvir sobre o bar que ele achou.  

Ele tenta me convencer a ficar para comemorarmos meu aniversário lá, ele me mostra as fotos do lugar.  É idêntico ao lugar do meu sonho.  

Aquele sentimento estranho de déjà-vu toma meu corpo me fazendo arrumar tudo mais depressa. Meu chefe me liga informando que o avião sairia a daqui duas horas.  

Saio daquele maldito hotel com João me gritando, não me arrumo, vou com as roupas que dormi, só quero sair dessa cidade maldita.  

Paro um taxi e dele sai uma garota que eu conhecia bem, ela estava em minha festa de aniversário, em pânico entro e digo para irmos ao aeroporto logo, deixo ela falando sozinha e o motorista fica me observando por todo o trajeto.  

Ao parar em um sinal vejo o estranho de barba sentado em um banco da praia, ele levanta sua cerveja me cumprimentando como se já tivesse me conhecido antes. Em pânico me escondo dele tentando voltar a respirar novamente.  

Preciso sair dali. Rápido. 

O taxista me pergunta se quero vomitar, digo que não é ele desconfiado resmunga o resto do caminho todo.  

Saio rapidamente me sentindo mais tranquilo à medida que o horário do meu voo se aproxima. Vou sair daquela cidade maldita e amanhã rir do que aconteceu, isso, vou rir de toda aquela situação estranha. Sorrindo sem graça entro no avião com todos me observando, não estou vestido apropriadamente, mas pelo menos não estou fedendo.

Pareço doido, mas não fedido!  

Estou na janela, observo alguns homens abastecerem o avião enquanto as outras pessoas embarcam, ao meu lado uma criança se senta ligando um joguinho barulhento. Em minha pressa esqueci de pegar meus fones de ouvido, droga, mais de quarenta minutos com esse barulho. 

A aeromoça termina as explicações e iniciamos o processo de subida, a pressão em meus ouvidos está mais forte que o normal, na metade da subida o avião sacode fazendo a criança ao meu lado gritar. A aeromoça corre para colocar o cinto nela enquanto um barulho forte faz meus ouvidos doerem mais.  O avião sacode mais forte e a aeromoça cai para trás, nos alto-falantes o piloto diz para não estarmos em pânico, para colocar o cinto. Escuto gritos quando as luzes se apagam, em pânico olho para fora e vejo que algo está pegando fogo.  

Grito quando o avião sacode mais forte enquanto vejo o fogo nos alcançar, a criança segura minhas mãos chorando enquanto a escuridão me domina.  


 Acordo naquele maldito quarto de hotel de novo. João, como em todas as vezes, resmunga sobre o barulho do despertador. Olho para meu celular e vejo que é meu aniversário.  

De novo.  

Começo a rir como um doido enquanto João preocupado pergunta o que aconteceu. O que aconteceu? Como contar para ele que eu acabei de morrer em um acidente de avião? Me levanto daquela maldita cama com vontade de gritar.  

Hoje é meu aniversário! De novo! Quantas vezes foram? Quantas vezes mais vou ter que repetir esse maldito dia?! Com raiva grito pelo quarto dizendo que aquilo não vai me pegar hoje! Que eu sou mais esperto que aquela merda toda! João em pânico tenta me acalmar.  

Corro para uma das janelas e quanto ele nota o que vou fazer o abraço me jogando com ele do décimo primeiro andar.  

Grito satisfeito enquanto pulo com ele, a dor e a escuridão me dominam, mas ainda consigo ver os últimos momentos de João, seu sangue pela rua, o grito das pessoas, quase como se o que estivesse me matando quisesse que eu acompanhasse seu sofrimento.  

Foda-se! Ele não deveria ter tentado me parar...  


Acordo ouvindo aquele barulho de novo! Começo a rir em pânico ao me dar conta que tudo começou de novo.  

Hoje é meu aniversário! Pela trigésima vez completo mais um dia de vida. O que vou fazer hoje? Andar pelado por aí? Assaltar um banco? Invadir uma casa? Faço as mesmas coisas de sempre, repito as mesmas palavras, as mesmas frases, dou os mesmos sorrisos para as mesmas pessoas.  

Minha mãe como das outras vezes não atende o telefone, dela só tive uma mensagem de feliz aniversário antes de acordar e nada mais. Tentei várias e várias vezes e nada, ela não responde as mensagens e nem o telefone.  

Seria essa mais uma forma de me punir por algo que ainda nem sei que fiz? João me inferniza como sempre sobre a visita aquele bar, é incrível que em cada dia que revivi ele tenta me levar para lá.  

Por mais uma vez me deixo levar para aquele lugar, desde da segunda noite não volto lá. Quem sabe agora será diferente?  

Diferente uma ova! Tudo naquele lugar está como a alguns dias atrás, a mesma música, as luzes o cheiro de algum perfume barato. As pessoas que ele chamou e que de algum modo sempre encontro estão lá, brindando pelo meu aniversário.  

Decido pedir algo diferente, já que não vou sentir as dores por beber tanto e principalmente não vou sentir no bolso o preço das bebidas mais caras do lugar. 

 Uma pior que a outra, os outros rindo das minhas caras e bocas continuam bebendo e cantando, mas ao contrário das outras vezes o velho não estava lá. E estranhamente não o vi durante meu dia.  

Nunca deixei de ver todos eles. Até matei a loira chata que me enchia o saco para almoçar com os funcionários de outra empresa em um dos meus aniversários.  

Matar foi mais interessante do que eu esperava, sentir minhas mãos em seu pescoço, ver sua colocação mudar, decidir se ela vive ou morre. Um prazer que não sabia que poderia sentir.  

Término uma das bebidas ruins que pedi vendo o velho entrar, ele caminha diretamente até a nossa mesa se sentando a minha frente. Concerto a minha postura na cadeira notando que ele não havia feito isso antes. Nenhum dos outros na mesa parece notar sua presença. 

Ele se serve de uma dose de tequila tranquilamente como se fosse o dono do lugar. 

 -Felicidades Pablo- ele me fala virando a dose de uma vez só.  

-Eu nunca te disse meu nome- sussurro sentindo uma estranha sensação de pânico.  

-Eu sei- ele ri -sabe, andei te observando- ele se serve de um drink cor de rosa agora -não achei que você teria coragem de matar alguém- sua risada se torna mais alta -e quando você correu pelado por Copacabana? - Ele bebe metade do drink deixando-o de lado com uma cara de nojo -Eu rir muito naquele dia. 

Observo tudo aquilo sem saber exatamente o que devo pensar. A confusão em meu rosto deve ser visível porque ele limpa uma de suas mãos na calça e a estica se apresentando  

-Cronos- ele me diz seu nome orgulhoso, como se aquela única palavra me explicasse tudo. Mas ainda contínuo confuso.  

Ele bate os punhos na mesa chamando a atenção de algumas pessoas. - Vamos lá... mitologia grega...?  

Continuo confuso. Ele já está bêbado?  

- Eu sei que você sabe, vocês estudam isso na escola e você até conhece alguém que acende umas velhinhas para nós.  

- Mitologia dos Deuses... você está falando sobre deus grego? Aaaaah! Porque até quando estou na merda atraio doidos!?  

Ele bate de novo na mesa, dessa rindo feliz. - Cronos é o Deus do tempo- ele sorri quando começo a juntar as peças.  

- Você fez isso comigo - sussurro entendendo que tudo isso é culpa dele! Com raiva e um pouco de medo grito com o velho me levantando da mesa.  

- Porra! Você fez essa merda comigo!  

- SENTA! – ele ordena com raiva, tudo nele mudou, sua postura, seus modos antes relaxados agora transmitem raiva. Com medo volto a mesa notando que tudo a nossa volta parou, as pessoas estão como paralisadas em posições estranhas, bebendo, rindo, caindo, jogando sinuca.  

O velho agora anda de um lado para o outro nervoso, com raiva. - EU CONCEDO A VOCÊ, INCETO INSOLENTE, UMA DADIVA DIVINA E VOCÊ OUSA ME CRITICAR?! FICAR COM RAIVA PELO MEU PRESENTE?!  

Não consigo dizer nada, o medo lentamente toma conta do meu corpo. Só queria perguntar porquê? O que eu fiz?  

- Você ainda não entendeu nada garotinho – ele bate forte na mesa a minha frente -NADA! – sua voz assume um tom estranho, seus gritos ecoam pelo lugar se repetindo várias e várias vezes. A música continua tocando se misturando aos seus gritos.  

- Eu só quero saber por quê? – não consigo segurar minhas lágrimas.  

Ele respirar fundo sentando novamente e se servindo de uma cerveja. Todos a nossa volta voltam a se mexer, como se nada tivesse acontecido, conversam, bebem, brindam felizes.  

- Foi um presente. Te dei a possibilidade de acreditar no Divino – ele toma um longo gole do copo – Me diga. Você acredita agora? – ele ri. 

 Começo a sentir raiva. 

 - Fez isso por não acreditar em Deus ? - levanto a voz chamando a atenção de algumas pessoas da nossa mesa. João pergunta se está tudo bem e a loira grita que estou bêbado fazendo todos rirem, inclusive o velho que levanta sua bebida brindando.  

- Você estava crente que não existia nada, nenhuma divindade nenhuma religião. Ria da fé dos outros. 

 -Eu não...  

- Não?! – ele me interrompe – Você fedia a arrogância, um inseto arrogante que se acha inteligente.  

Não sabia o que dizer, minhas emoções são uma mistura de raiva, medo e por incrível que pareça descrença.  

- Por que perdeu seu tempo comigo?  

Surpreso ele ri. - Mesmo depois de tudo isso você ainda fede a arrogância. 

 Antes que eu possa perceber algo ele está perto de mim, uma de suas mãos em meu peito, em cima do meu coração.  

Me sorrindo sinistramente ele me diz - Quero ver como será daqui 30, 100, 1000 anos – ele afunda suas unhas em mim, rasgando minha pele, me causando uma dor imensa, ouço gritos ao longe enquanto a escuridão toma conta de tudo me fazendo ver seu sorriso até o fim.  


Acordo de novo no hotel. Grito. O mais alto que posso... 


 


 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MATERNIDADE

CULPA

QUANDO NÃO ESTIVER MAIS AQUI...