CARNAVAL
O calor delas, os movimentos do meu corpo e meu grito em meio à multidão fazem-me sentir livre.
Meu vestido branco manchado com seu sangue parece uma fantasia, e, rindo, acompanho o ritmo desses desconhecidos.
Você nunca me deixou dançar assim.
Em êxtase, paro, permitindo que a multidão passe por mim; eles se afastam seguindo o trio elétrico.
Várias pessoas sorriem para mim, ignorando minhas mãos sujas de sangue e minhas unhas quebradas.
Ignoram meu corpo machucado, meu olho esquerdo roxo e meus lábios feridos.
Nesse momento, elas só querem festejar e talvez acreditar que é só uma fantasia ou algum protesto qualquer.
Volto a sorrir quando alguém me puxa para o meio da multidão novamente. Nesse momento, nesse lugar, cu só quero dançar e cantar.
Grito, tentando esquecer o que você me fez.
Danço, pedindo a Deus que me perdoe pelo que fui obrigada a te fazer.
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